quarta-feira, 19 de junho de 2013

Novas tecnologias da cartografia.


TECNOLOGIAS MODERNAS APLICADAS À CARTOGRAFIA

As novas tecnologias da informação - satélites, computação e telecomunicações, por exemplo - têm possibilitado a utilização de novas técnicas de coleta e processamento de dados do espaço geográfico, abrindo caminhos para a cartografia. Como resultado, os mapas estão cada vez mais precisos, e diversas operações, que no passado eram caras e demoradas, hoje são feitas com rapidez e a custo cada vez menor. Novos equipamentos fotogramétricos, imagens captadas por satélites, sistema de posicionamento global (GPS) e mapas digitais são alguns dos recursos que têm contribuído para o avanço da cartografia. Vamos analisar alguns deles.

Sensoriamento remoto
Sensoriamento remoto é o conjunto de técnicas de captação e registro de imagens a distância por meio de diferentes sensores, como equipamentos fotográficos, scanners de satélites e radares. As imagens obtidas podem revelar muitos dos elementos geográficos da superfície terrestre, como florestas, áreas de cultivo e cidades, e da atmosfera, como nuvens ou fumaça de incêndios florestais.
As primeiras imagens aéreas da superfície da Terra foram tiradas de balões, ainda no século XIX. Mas o sensoriamento remoto só se desenvolveu a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com a utilização de aviões. Nessa época, os interesses militares propiciaram um grande avanço na aerofotogrametria, que consiste em captar imagens da superfície terrestre com equipamentos fotográficos especiais acoplados no piso de um avião. Voando em velocidade constante e em rotas preestabelecidas, o equipamento vai tirando fotografias parcialmente sobrepostas, em intervalos regulares. Depois, para corrigir falhas e imperfeições, as fotos passam por equipamentos chamados restituidores. O material obtido serve de base para a elaboração de cartas e mapas.
A escala de uma foto aérea, assim como a área fotografada, é definida pela distância focal da câmara e a altura da aeronave. Quanto mais alto for o vôo e mais curta a distância focal, menor é a escala. Até hoje a maioria dos mapas topográficos é produzida por intermédio da aerofotogrametria. Novos avanços no sensoriamento remoto, entretanto, advieram do uso de satélites e computadores.
O lançamento do satélite artificial Sputnik em 1957, pela extinta União Soviética, deu início à conquista do espaço sideral, abrindo novos horizontes para a observação do planeta e para o mapeamento do espaço geográfico terrestre. Em 1972, os Estados Unidos lançaram o primeiro satélite de observação da Terra, da série Landsat (Land Satellites). Desde então órgãos como o United States Geological Survey (USGS), dos Estados Unidos, o Institut Géographique National (IGN), da França, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), têm à disposição imagens de todo o planeta. Atualmente estão em operação os satélites Landsat, séries 5 e 7.
Além dos satélites da Landsat, há vários outros na órbita da Terra rastreando permanentemente sua superfície, como os da série francesa Spot (Sistéme Probatoire de L’Observation de Ia Terre), o ERS (European Remote-Sensing Satellite), da Agência Espacial Européia, e o CBERS (Chinese-Brazilian Earth Resources Satellite, ou Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). O projeto deste último foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST) e resultou no lançamento do CBERS 1 em 1999, e CBERS 2, em 2003.
As imagens feitas pelos satélites, convertidas em dados numéricos e enviadas a uma estação terrestre, são processadas por computadores. Com essas informações, podem ser produzidas com grande rapidez diversas imagens da superfície do planeta, incluindo os mapas. Usualmente se confeccionam mapas temáticos, de escala pequena, nos quais o que mais interessa são os temas representados; os topográficos, de escala grande, em que se exige maior precisão, continuam sendo feitos com base em fotos aéreas.
A utilização de satélites para sensoriamento remoto apresenta outra grande vantagem: a de registrar a seqüência de eventos ao longo do tempo. Imagens de uma mesma região podem ser registradas em intervalos regulares de tempo, o que permite observar e prever a ocorrência de muitos fenômenos. O exemplo mais conhecido é a previsão do tempo. Satélites meteorológicos captam imagens das massas de ar, visíveis por meio das formações de nuvens, em intervalos de horas. Com essas imagens são feitas animações que auxiliam os meteorologistas a prever chuvas, períodos de seca ou furacões. Alguns dados obtidos em estações e balões meteorológicos também ajudam os especialistas na previsão do tempo.
Há ainda diversas animações feitas por intermédio de imagens dos satélites, como as que mostram a formação e o deslocamento de um furacão (fundamental para a defesa civil), o uso do solo urbano ou rural (útil no planejamento de intervenção no espaço geográfico) e o desmatamento de florestas (útil para orientar a ação governamental). Os incêndios florestais, a expansão urbana e a poluição das águas são outros fenômenos registrados dessa maneira.

Sistema de Posicionamento Global (GPS)
O sistema de posicionamento global (GPS) foi desenvolvido no contexto da Guerra Fria. Resultado da corrida armamentista entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética, foi projetado para localizar com precisão um objeto ou pessoa, assim como fornecer sua velocidade (caso esteja em movimento), na superfície terrestre ou num ponto qualquer próximo a ela. Da fusão de dois projetos - Timation (Time Navigation) e 621B, da Marinha e da Força Aérea norte-americanas, respectivamente - nasceu o sistema NAVSTAR/GPS (Navigation Satellite with Time and Ranging/Global Positioning System). O GPS, como o sistema ficou conhecido, começou a ser desenvolvido pelo Departamento de Defesa (DoD) do governo dos Estados Unidos em 1973 e, em 1978, foi lançado o primeiro satélite. Atualmente esse sistema é composto por 24 satélites (21 deles em operação e 3 de reserva) que giram em torno da Terra em 6 órbitas distintas a 20.200 km de altitude
Evidenciando seu enorme potencial estratégico-militar, como ficou demonstrado na Guerra do Golfo (1991) e na recente guerra contra o Iraque (2003), os alvos a serem atingidos pelas Forças Armadas norte-americanas, fixos ou móveis, puderam ser localizados com grande precisão pelo GPS. Da mesma forma, os chamados mísseis teleguiados, lançados de aviões ou embarcações de guerra, eram “orientados" por esse sistema de posicionamento. Além de utilizado militarmente, o GPS é empregado para orientar a navegação aérea e a marítima.
Os satélites cumprem órbitas fixas e estão dispostos de modo que, de qualquer ponto da superfície terrestre ou próximo a ela, é possível receber ondas de rádio de pelo menos quatro deles. O equipamento que recebe essas ondas - chamado de aparelho receptor GPS, ou simplesmente receptor GPS - calcula as coordenadas geográficas do local em graus, minutos e segundos. Além da latitude e longitude, com o GPS obtém-se a altitude do ponto de leitura, o que facilita os trabalhos de campo na confecção e atualização de mapas topográficos. Portanto, além do uso militar, esse sistema de posicionamento tem muitas utilidades civis.
Por intermédio de imagens de satélites já é possível saber as variações de fertilidade do solo numa área de cultivo. Utilizando o GPS, um agricultor pode distribuir a quantidade ideal de adubo em cada pedaço da área cultivada, o que proporciona eficácia e economia. Há modernos tratores que já vêm equipados da fábrica com um computador de bordo conectado ao GPS. O alto custo dessa tecnologia, entretanto, limita sua disseminação na agricultura.
O GPS também está disponível em carros de luxo fabricados nos Estados Unidos, no Japão e na Europa. Eles já vêm equipados com um computador de bordo conectado ao GPS e com mapas rodoviários e guias de cidades armazenados em sua memória, permitindo ao motorista uma orientação contínua por meio dos satélites do sistema. No Brasil, uma locadora de automóveis já tem esse serviço disponível em parte de sua frota que circula em algumas cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Nos últimos anos, órgãos governamentais brasileiros vêm utilizando imagens de satélites e o GPS para identificar com precisão os limites de fazendas improdutivas a serem desapropriadas para a reforma agrária, para controlar queimadas em florestas, para demarcar limites fronteiriços etc.
Outras aplicações práticas do sistema GPS são o planejamento de rotas e o rastreamento de veículos, principalmente carretas que transportam cargas valiosas. Em caso de roubo, é possível localizá-los com precisão, possibilitando uma ação mais rápida da polícia.

SIG - Sistema de Informação Geográfico
Os sistemas de informação geográfica (SIGs) também exemplificam as enormes possibilidades de coletar e processar dados sobre a geografia do planeta, geradas pela utilização da informática.
Os SIGs são o resultado da utilização conjunta de mapas digitais, crescentemente elaborados com auxílio do GPS, e de bancos de dados informatizados. Esses sistemas permitem coletar, armazenar, processar, recuperar, correlacionar e analisar diversas informações sobre o espaço geográfico, gerando grande diversidade de mapas e gráficos para necessidades específicas. É um poderoso instrumento para o planejamento urbano e rural, facilitando também a solução de problemas espaciais complexos.
Há vários exemplos de aplicação prática dos Sistemas de Informação Geográfica, cada vez mais presentes nas empresas e nos órgãos públicos de gerenciamento territorial, como prefeituras. Os SIGs podem ser utilizados para:
Planejar a distribuição e calcular os custos dos serviços prestados pela prefeitura no território municipal, como a coleta do lixo;
Planejar investimentos em obras públicas, como um novo viaduto, um hospital, e avaliar seus resultados;
Facilitar o levantamento de imóveis para cálculo e controle da arrecadação das taxas e impostos, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto Territorial Rural (ITR);
Melhorar a qualidade do sistema de transportes coletivos e do tráfego urbano;
Cadastrar propriedades, empresas e moradores, com grande número de informações, tornando mais rápidos e eficientes os programas de atendimento etc.
Os SIGs também têm sido muito utilizados para a localização e orientação no trânsito das cidades grandes. Com os sistemas, é possível calcular a distância entre dois pontos quaisquer de uma metrópole, identificar rotas alternativas, menos congestionadas, itinerários de ônibus, localizar endereços etc. Combinados com aparelhos GPS, os SIGs têm sido cada vez mais utilizados em navegadores de bordo de automóveis.
As empresas que trabalham com pesquisas de opinião, de comportamento, de intenção de voto etc. conseguem resultados muito mais rápidos e precisos com um SIG. As informações coletadas são rapidamente apresentadas em tabelas, gráficos e mapas integrados, servindo de base para as decisões das empresas. Os SIGs também têm sido muito utilizados em apoio ao turismo, seja no planejamento e alocação das atividades de lazer, seja na localização de atrações turísticas na planta de uma cidade, para a orientação dos usuários.

Sites para consulta para conhecer um pouco mais sobre as novas tecnologias da cartografia.
http://www.inpe.br/
http://www6.cptec.inpe.br/~grupoweb/Educacional/MACA_SSS/